terça-feira, 1 de junho de 2010

OMG News : Capixabas representam o maior índice de evangélicos do país diz IBGE

Dados do IBGE do início dos anos 2000 já apontavam o Espírito Santo entre os Estados com maior índice de evangélicos no Brasil. A presença de símbolos religiosos como o Convento da Penha influenciam a representação católica em Vila Velha. Mas a fé também se faz crescer no número de evangélicos

Em Vila Velha, os números são ainda mais relevantes entre os jovens. Hoje, em média, um em cada três vila-velhenses com menos de 30 anos é evangélico, com destaque para membros da Assembleia de Deus, Maranata e Batista.

Já os católicos são 50% nessa faixa etária. Menos de 10% se declarou sem vínculo com religião e aproximadamente 5% seguem outras religiões, como espiritismo e umbanda.

Assim como em todas as faixas etárias, entre os jovens, o percentual de evangélicos também tem crescido mais rápido que os de católicos. Em 1991, os protestantes representavam pouco mais de 9% da população canela-verde, saltando para 16% em 2000 e para os atuais 30%, aproximadamente.

Um estudo feito pelo Instituto Futura em 2009 aponta que Vila Velha é a cidade da Grande Vitória com maior índice de pessoas que acreditam em Deus: 99%. Entre os entrevistados na faixa de 16 a 19 anos, o índice dos que acreditam que Deus ou alguma força superior deva ser adorado ou seguido foi de 100%.

Celebrações renovadas

Jovializar as celebrações é a estratégia que as igrejas da cidade têm utilizado para oferecer aos jovens, na faixa de 16 aos 26 anos, a palavra de Deus da forma como ele gostaria de escutar.

As igrejas, cultos e grupos de oração mudaram a forma de lidar com essa faixa etária. Catequese e grupos de jovens ganharam a companhia de novas formas de confraternização, como luais, raves, excursões, passeios, piqueniques e até a prática de esportes radicais.

Juventude garante novo gás aos eventos religiosos

O teólogo Michael Camillo fez um estudo sobre a participação da religião na vida da juventude e afirma que essa aproximação gera uma confiança deles em relação à igreja, que por muitos anos fez questão de nutrir uma distância.

“As igrejas estão mais preocupadas em falar do que ouvir. Isso cria um bloqueio natural nos jovens. Essa aproximação pode acontecer se a igreja se despir de julgamentos que acabam fazendo, quando impõem suas doutrinas sem conhecer o universo em que o jovem está realmente inserido”, diz.

O produtor de shows Paulo Cesar Lyra já trabalha com eventos religiosos há oito anos e diz que essa mudança de perfil sofreu resistência de alas tradicionais da igreja. “Essa barreira já foi ultrapassada na maioria das igrejas. Hoje, existe até uma profissionalização dos eventos”.

Já a jornalista Alice Eulália, 25, participou de vários eventos promovidos pelo Grupo de Jovens da Igreja Presbiteriana, desde campanhas ecológicas, até acampamentos e festivais de música e esportes radicais. “A juventude tem acesso rápido e fácil a novas informações, o que os tornam mais exigentes”, diz.

Membro há 10 anos do Ministério Jovem da Igreja Adventista Central de Vila Velha, Nivaldo Godinho Junior, explica que as igrejas se atentaram para a necessidade de ter uma linha de trabalho para a faixa etária de 16 a 35 anos. “Hoje, o trabalho é focado em três áreas essenciais para a vida deles: espiritual, física e sociocultural”, explica.

Cânticos no ritmo de rock e do reggae

Com uma prancha de surfe servindo de altar e uma banda de rock ou reggae comandando o culto, a Bola de Neve tem o apelido de Igreja dos Surfistas. “Preferíamos o apelido de Igreja da Galera Radical”, brinca o pastor Wanderley Júnior. Os cultos, realizados duas vezes por semana, reúnem cerca de 300 pessoas na única igreja do Estado, na Praia da Costa. Ao contrário das demais igrejas na qual os pais levam os filhos, na Bola de Neve são os filhos que levam os pais. O que incomoda os membros são os mitos criados sobre a igreja. “Pessoas que nunca assistiram aos cultos dizem que os fiéis vêm de biquíni e que no templo teria um fumódromo. Nossa única diferença são os cânticos no ritmo do reggae e rock”, diz o pastor.

Pick-ups tomam conta dos templos jovens

Em média quatro vezes por ano, os cultos da Igreja Rio da Vida, na Praia da Costa, transformam o templo numa danceteria. As Saves (analogia ao nome raves), são celebrações na qual a pregação é feita através de música eletrônica, comandada pelo pastor DJ Paulinho, que substitui o tradicional púlpito pelas pick-ups. “Isso mostra que o jovem também tem o seu lado espiritual. A mensagem passada aos membros da igreja é a mesma, só a maneira de chegar até eles é que mudou”, comenta o membro do grupo de jovens da igreja, Lucas Pacheco. “Até os anos 80, era impensável ver uma guitarra numa igreja. Mas a mentalidade mudou. O senso comum em torno da religião é de proibição. Não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. Mas a questão não é essa, só o pecado é que é proibido”, explica o pastor.

Culto mais animado para passar a palavra

Não são apenas os evangélicos que têm inovado com a inserção de elementos jovens nas pregações. O coordenador do grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, de Cobilândia, Carlos Maximiliano, 21, explica que existem três grandes eventos focados nos jovens e que são realizados fora da igreja: as Disquemática ou Cristotecas (discoteca carismática ou discoteca de Cristo), os luais de bandas católicas e os Barzinhos Cristãos. Além disso, também são realizadas frequentemente excursões e retiros. O jovem deixa claro que não se trata de uma evolução da igreja. “A palavra evolução deixa entender que o que era feito antes era errado, mas não se trata disso. A igreja passa por uma adaptação à nossa realidade. Podemos inserir músicas como pagode, DJ's católicos, entre outros, mas a mensagem passada é sempre a mesma”, explica Maximiliano.

Fonte: Revista Comunhão e Creio

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