Há três anos afastado dos ringues, o ex-pugilista Acelino "Popó" Freitas, 34, é um dos 275 candidatos a deputado federal na Bahia
O tetracampeão mundial de boxe já vinha enveredando para a política --entre 2007 e 2008, foi secretário municipal de Esportes de Salvador--, mas um escândalo policial no ano passado havia feito ele recuar para as eleições de outubro.
"A política é muito suja. O salário é baixo. Quando você entra, é difícil não se corromper, e não quero sujar minha imagem", chegou a declarar no início de maio, logo após não ser incluído em um grupo de sete indiciados no assassinato do ex-presidiário Moisés Magalhães Pinheiro, morto em setembro de 2009, na capital baiana, por falta de provas. Agora, o discurso mudou: "As pessoas na rua falavam 'você tem que ir, você é uma pessoa do bem, do povo'. Fui bombardeado por uma coisa que não fiz".
Popó conta que se filiou ao PRB inspirado pelo vice-presidente da República, José Alencar, da mesma sigla. "É um partido que está crescendo, tranquilo, com pessoas sérias. Há dois anos, o bispo Crivella (Marcelo, senador e membro da Igreja Universal) me chamou para caminhar com ele no Rio, quando disputou a prefeitura, e também influenciou".
Ele próprio chama atenção para um levantamento da imprensa que avaliou o patrimônio declarado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de ex-atletas que vão concorrer no próximo pleito. "O maior foi o meu --R$ 2,061 milhões--, pouco acima do de Vampeta [ex-jogador, candidato por São Paulo] e bem à frente de gente como Romário e Bebeto, que ganhavam altos salários, o que mostra como sou um bom administrador. Faz com que as pessoas possam acreditar em mim".
Popó conta que não gostou da experiência na Secretaria de Esportes, porém valeria uma tentativa diferente. "Quando o prefeito [João Henrique, do PMDB] me chamou, mostrou um orçamento de R$ 3,8 milhões para gastar, mas quando eu apresentava os projetos ele dizia que não tinha dinheiro. Eu pensei 'rapaz, tem isso tudo e não consegui gastar nem metade'. Aí peguei e pedi pra sair. O [Poder] Executivo para mim foi muito ruim. Por isso que estou partindo para o Legistlativo, para estar colocando projetos, debatendo, e ver o que posso trazer para a Bahia e o Brasil, que vai receber Copa e Olimpíada".
O ex-pugilista, que acrescenta ter voltado a estudar --está no segundo semestre do curso de direito-- declara não haver motivos para preconceito na área com relação a esportistas. "Geralmente, são pessoas de baixa renda e que se destacaram sempre que alguém deu uma oportunidade. No meu caso, deram um jeito para eu treinar numa academia. Fui lá, mudei minha vida e ganhei quatro títulos mundiais. Vejo uma carência de parlamentares que puxam essa bandeira em Brasília", conclui.
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