O Parlamento de transição da Somália aprovou neste sábado (18) por unanimidade a proposta governamental de instaurar o código de lei islâmido, ou a sharia, no país, que está em guerra civil desde 1991, anunciou o vice-presidente do Legislativo, Osman Elmi Boqore.
"Havia 340 membros na sessão e votaram de forma unânime pela instauração da sharia na Somália", afirmou o vice-presidente da assembleia, que comanda os debates na ausência do presidente do Parlamento, Aden Mohamed Nur.
O novo presidente somali, o líder dos islamistas moderados Sharif Sheikh Ahmed, eleito no fim de dezembro, já havia se pronunciado a favor da aplicação da sharia e de um cessar-fogo para favorecer negociações com os insurgentes islâmicos radicais, os shebab, contrários às autoridades. "O texto apresentado pelo governo está aprovado pelo Parlamento. Temos um governo islâmico", completou Nur.
A maior parte do centro e do sul do país do país está nas mãos dos insurgentes islâmicos e o norte se encontra dividido em duas entidades autoproclamadas autônomas, a região de Puntland e a "república" de Somalilândia.
O apoio do presidente Ahmed à medida foi uma resposta aos esforços de mediação de seis autoridades religiosas da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Sudão, que buscavam um acordo de cessar-fogo entre o governo e os grupos islamitas radicais.
O líder dos islamitas somalis moderados foi eleito presidente por um Parlamento ampliado aos islamistas moderados e a representantes da sociedade civil.
Ele sucedeu Abdullahi Yusuf Ahmed, que foi obrigado a renunciar no fim de 2008 e era contrário a negociar com os radicais.
A instauração da sharia era uma das condições impostas pelos shebab para acabar com a sangrenta insurreição.
Os shebab já aplicam a lei corânica nas regiões sob seu controle, a maior parte do centro e do sul do país, incluindo a cidade de Baidoa (250 km ao noroeste de Mogadíscio), onde anteriormente ficava a sede do Parlamento.
Além da instauração da sharia, os shebab exigem a retirada de todas as forças estrangeiras do país. Depois da saída, em dezembro de 2008, do Exército etíope que apoiava o governo de transição, a única força estrangeira que permanece na Somália é a missão da União Africana (Amisom).
A votação no Parlamento aconteceu no momento em que o presidente e seu primeiro-ministro, Omar Abdisashid Sharmarke, estão fora do país para tentar obter apoio ao plano de paz.
Na próxima quinta-feira (23) acontece em Bruxelas (Bélgica) uma conferência internacional para aumentar a ajuda à Somália, que pretende fortalecer o Estado de direito e acabar com os ataques de piratas somalis no Golfo de Aden e no Oceano Índico.
Fonte: AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário