sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OMG News: Prefeitura vai punir professor que pedir material escolar

Por Diario web

A Prefeitura de Rio Preto informou ontem que vai punir professor que pedir a alunos da rede pública para comprar material escolar por conta própria. A prática, apurada ontem pelo Diário da Região, está sendo adotada justamente por causa do atraso da própria administração na entrega dos kits aos alunos do ensino infantil e fundamental - a faixa dos dois aos 14 anos. Em nota, a secretária de Educação, Telma Vieira, disse que “a prática é terminantemente proibida por essa gestão. Todos os casos identificados, se ocorrerem, serão objetos de sindicância”. Na lista obtida pelo Diário consta pedido de materiais como calculadora, fita decorativa para aula de artes, papel crepom, tinta, além de itens básicos, como borracha, cadernos e lápis.

Segundo a Prefeitura, foram gastos R$ 1,8 milhão com a compra do material, por meio de licitação concluída em novembro de 2011. A assessoria de Comunicação minimiza o atraso, que considera pontuais, garante que o material já chegou e está sendo distribuído nas escolas. No entanto, a realidade constada pelo Diário ontem é bem diferente. Passados dez dias do início das aulas, alunos de pelo menos 72 escolas estão sem material escolar. Para minimizar o problema, as escolas se valem de sobras de cadernos e lápis do ano passado - há casos em que professores e funcionários compram cartolina e papel sulfite com dinheiro do próprio bolso para que as crianças possam aprender, além de pedir que as famílias colaborem e providenciem a compra de parte do material.

Sem se identificar, a reportagem telefonou para 78 escolas de ensino infantil e fundamental da rede pública rio-pretense. Em apenas seis delas o material escolar deste ano já foi entregue: Antonio Teixeira Marques (Vila Progresso), Adherbal Abrão dos Santos (Maracanã), Cenobelino de Barros Serra (Vila Ercília), Cleophas Beltran Silvente (Jardim dos Gomes), Yolanda Ferrari Vargas (Maria Lúcia) e Núcleo da Esperança Santa Catarina. Nesta última, o material chegou incompleto para o ensino fundamental, apenas caderno e lápis.

Nas demais instituições, os prazos informados pela secretaria ao para a distribuição do material variam do fim de fevereiro ao início de abril. Para azar de William Batista, 11 anos, aluno do 5º ano da escola Wilson Romano Calil, no Eldorado. Por enquanto, ele usa na escola um lápis, um caderno e uma borracha, comprados pelo pai. “Esse dinheiro vai fazer falta. Eles deveriam entregar tudo junto com o início das aulas. O uniforme também está atrasado”, diz o metalúrgico Gilson Batista, 41 anos, pai do garoto. “Tenho muitos colegas de classe que nem lápis tem. Os professores nos dão folha de papel sulfite para escrever. Quero saber quando vou receber o meu material escolar”, disse William

Na escola Céu Encantado, Vila Maceno, professores e funcionários improvisam enquanto aguardam a chegada do material. “Fomos à Secretaria (de Educação) buscar (papel) sulfite, porque acabou na escola. Eles me arrumaram dois maços, então tivemos de comprar, do nosso bolso, mais quatro para distribuir às crianças”, diz uma servidora, sob a condição do anonimato. Na região norte, as escolas de educação infantil Menino Jesus e Manoel Antunes, e as de educação fundamental Silvio de Melo, Antonio Teixeira Marques e Lídia Sanfelice vivem o mesmo dilema. Os professores têm de se virar com as sobras do material do ano passado.

“A professora falou que vão dar o material deste ano, mas não falou quando. O uniforme também faz falta”, diz Sirlei Gonçalves, 33 anos, mãe de Larissa, 10 anos, e Lorraine, 8 anos, alunas da rede municipal de ensino. “Prefeito, eu quero uniforme, lápis e caderno”, escreveu a menina Larissa, em um pedaço de papel.

‘A tia dá uma folha sulfite’

Aluno da escola Professor Júlio de Faria Souza Júnior, no Santo Antônio, Bruno Wesley Monteiro Ribeiro, 6 anos, disse que está fazendo as atividades passadas pela professora, pois a mãe comprou o caderno, o lápis e a borracha, mas têm alguns amigos da sala que não têm nem caderno. “Têm uns colegas que não tem caderno, pra eles a tia dá uma folha sulfite pra fazer a lição”, diz o garoto, do primeiro ano do ensino fundamental.

Em frente à escola de educação infantil Menino Jesus, no Eldorado, pelo menos 15 crianças afirmaram que não receberam nada além de sobras de material do ano passado, insuficiente para todos. “Meu filho está usando o material que comprei, mas e os que não têm condições de comprar?”, afirmou a dona de casa Fabíola Souza Araújo, 27 anos, mãe de João Batista, 4 anos.

Uma assistente de direção reclama da falta de material até para a secretaria. Segundo ela, para poder imprimir o histórico escolar dos alunos foi preciso comprar folhas de sulfite com o dinheiro da Associação de Pais e Mestres (APM) por que a secretaria de educação disse que não tinha o material para enviar. “Os alunos estão fazendo as atividades porque compramos algumas coisas com recursos da própria escola. Já ligamos no almoxarifado da educação, mas ainda não há previsão de quando o material irá chegar”, afirma a assistente.

Promotor

O promotor da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Cláudio Santos de Moraes, acredita que o atraso na entrega do material básico para os alunos poderem fazer suas atividades é um erro grave e sinônimo de falta de planejamento. Mesmo assim, Moraes disse que não pretende entrar com um pedido de liminar para que a prefeitura disponibilize o material imediatamente, pois, segundo ele, quando a medida for tomada o material já está com os alunos. “Se eu entrar com a ação, vamos movimentar a máquina pública e a liminar não irá surtir o efeito pretendido”, diz.

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