quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Pastores africanos fazem campanha para circuncidar 20 milhões de homens

Nos últimos 15 anos, George Karambuka, um pastor pentecostal e também profissional na área de saúde, tem lutado contra HIV e AIDS.  Ele e os demais líderes da igreja no Quênia defendem a abstinência sexual antes do casamento e a fidelidade conjugal.

Porém, Karambuka se juntou a vários pastores africanos que estão fazendo uma campanha  nova, que já está gerando polêmica: a circuncisão de homens como conter o vírus. Estima-se que 70% dos homens na África já são circuncidados. Porém, cerca de 20 milhões de homens adultos não passaram por isso e poderiam se beneficiar do procedimento.

Embora haja fortes questionamentos, pesquisas recentes indicam que a circuncisão de fato pode ajudar a prevenir a transmissão do HIV de mulheres para homens. Edward C. Green, um renomado pesquisador do assunto, explica: “Do ponto de vista da saúde pública, a circuncisão seria benéfica, especialmente no sul da África, onde as taxas de infecção são mais elevadas”.

Ele acredita que o apoio da igreja é “poderoso” e “essencial” no combate do vírus que tem dizimado populações na África.  Como um todo, as igrejas têm intensificado os esforços para combater a AIDS. O próprio Karambuka perdeu a primeira esposa para a doença e até hoje não sabe como ela adquiriu o vírus, já que nunca usou drogas e ele foi o primeiro homem com quem ela dormiu.

Porém, ele lembra que quando começou a falar sobre a epidemia de HIV/AIDS em 1998, alguns líderes da igreja o criticaram. Felizmente, depois de tantos anos as coisas estão mudando. No Quênia, um país de 43 milhões de habitantes, 1 milhão e meio de pessoas vivem com o HIV. No país, cerca de 1,2 milhão de crianças que ficaram órfãos por que a Aids matou seus pais.

Karambuka dirige um posto de saúde na capital Nairobi, onde circuncisões voluntárias ocorrem quase todos os dias da semana. Em média, são 20 procedimentos por dia, numa cirurgia de 15 minutos.

O fluxo constante de pacientes deve-se, em grande parte a organizações cristãs que encaminhas os homens para clínicas que realizam a circuncisão.  São católicos romanos, anglicanos, presbiterianos, pentecostais e de várias outras igrejas.  Uma maneira de convencer os homens a concordar com o procedimento, explica Green, é salientar que Jesus, sendo judeu, foi circuncidado.

Vários anos atrás, estudos de médicos da África revelou que a circuncisão masculina reduzia infecções de mulheres para homens em cerca de 60 por cento. Em 2007, a Organização Mundial de Saúde e a Agência UNAIDS emitiu recomendações oficiais, dizendo: “A eficácia da circuncisão masculina na redução da transmissão do HIV de fêmea para macho já foi provada”. De acordo com projeções da ONU, se 20 milhões de homens entre 15 e 49 anos forem circuncidados até 2015, nos 14 países em que a campanha é feita, haveria 3,4 milhão de infecções a menos em 2025.

Isso não muda, porém, as campanhas de associações religiosas de enfatizar que a melhor prevenção é a abstinência sexual dos solteiros e a fidelidade conjugal dos casados. Karambuka disse que a maioria dos evangélicos quenianos estão dispostos a trabalhar com os católicos, agências governamentais e outros grupos estrangeiros para lidar com o grande número de famílias devastadas pelo HIV/AIDS.

Contudo, alguns estudiosos da Bíblia e líderes da igreja da África acham que esse tipo de  campanha pode fazer mais mal do que bem. Mateus Okeyo, da Igreja do Interior Africano, entende que a intenção é boa, mas defende que a igreja deve se concentrar no que a Bíblia ensina e não oferecer alternativas. “Precisamos ensinar a verdade sobre a sexualidade e sua beleza”, disse. ”O problema que temos de ver as pessoas mudarem seus hábitos, não oferecer uma opção mais fácil de vida.”

Martin Wesonga, deão acadêmico no Instituto de Teologia e Desenvolvimento Hannington, na cidade de Mombaça, no Quênia, ressalta: “O cristianismo não condena o incircunciso, mas Paula fala sobre circuncidar o coração. Salvação é pela fé. Em meu entendimento, a circuncisão não irá parar a propagação do HIV. Só  a moralização do coração, que é trazida por Jesus Cristo, pode ajudar a deter a propagação do HIV/AIDS “.

Ainda assim, uma nova pesquisa de campo revela que os membros da comunidade cristã do Quênia estão respondendo melhor aos programas de HIV / AIDS que a população em geral. De acordo com os dados de 2007, religiosos têm, de fato, as menores taxas de infecção. Entre os católicos romanos, a taxa de prevalência foi de 5,4%, entre os evangélicos é 5,7%. Traduzido e adaptado de Christian Today.
Fonte: Gospel Prime

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails