José Serra leu a Bíblia, orou junto, recebeu bênção e cantou hinos de louvor durante congresso dos 50 anos da Assembleia de Deus no Paraná.
Assim foi a passagem relâmpago de José Serra por Foz de Iguaçu (PR) nesta terça-feira (26), um dia de compromissos de campanha para o Planalto em mais três Estados.
Com um “na paz do Senhor”, o candidato tucano abriu e fechou sua participação no congresso que comemorou os 50 anos da Assembleia de Deus no Paraná, que acontece em hotel no caminho das Cataratas do Iguaçu.
A pedido dos pastores evangélicos, Serra leu parte da Bíblia, previamente escolhida por ele. O trecho escolhido foi do Velho Testamento que fala de Salomão e o pedido desse rei a Deus por sabedoria. “Eu também quero sabedoria. E peço que vocês rezem para que eu tenha sabedoria”, disse.
O pastor Ival Teodoro da Silva, líder dessa denominação evangélica no Estado, puxou o cântico “Deus te ama”, uma prece de braços levantados e ainda afirmou que tem "orado pelo senhor” para o tucano.
Assim como sua rival petista, Serra deu uma guinada religiosa neste segundo turno da eleição presidencial. Entre a “família assembleiana”, se mostrou familiarizado com os rituais e as falas. Em uma oração mais comovente, ele até fechou os olhos e seguiu as frases do pastor.
Além disso, respondeu seis perguntas feitas pelo público e previamente selecionadas pelos líderes da igreja. Não faltou a tradicional pergunta sobre aborto e casamento gay.
Depois de falar que a família é “a célula da sociedade”, o tucano disse que a sua está sendo atacada nesta campanha. “Só falta falarem que meu neto de sete anos puxou a orelha de um colega. Já mexeram nas contas da minha filha e já falaram mentiras de minha mulher. O que mais falta? Desde o descobrimento do Brasil, nunca se falou tanta mentira”, protestou para a plateia.
Ele aproveitou para atacar sua adversária na corrida presidencial, a petista Dilma Rousseff. “Minha rival mostra a intolerância do punho fechado e nos mostramos o abraço fraterno da solidariedade. Nós devolvemos com a verdade. Jesus é a verdade e a Justiça”, citou, repetindo trecho bíblico que usou em santinhos de campanha.
Aproveitando a posição geográfica, ele falou de segurança, lembrando que a região da Tríplice Fronteira é a grande porta de entrada de drogas e armas. “Precisamos de um batalhão de fronteira para proteger nosso território e reduzir a criminalidade”, disse, repetindo uma proposta anterior.
E não poupou elogios ao Paraná, onde tem a maioria dos votos: “O Paraná é o irmão mais novo de São Paulo: me sinto sempre em casa.” Muitos carros no estacionamento do local tinham a inscrição “Beto é Serra”, mas o governador eleito do Paraná, Beto Richa, faltou ao encontro com Serra na fronteira.
O clima era de muita adesão tucana no local, apesar de a organização declarar que Michel Temer deve estar por lá após a chapa rival ter sido convidada também a estar por lá esta semana. Muitas bandeiras de Serra estavam fincadas no gramado diante do hotel e vários seguidores da Assembleia de Deus estavam com o adesivo de Serra ao lado de broches com figuras cristãs.
“Essa reunião é para ver como ele se sai diante da palavra de Deus. Ele não é um dos nossos, mas temos que votar”, disse o deputado federal André Zacharow, um dos eleitos da bancada evangélica.
Uma das perguntas dos evangélicos foi sobre a defesa de Israel por ser o berço do cristianismo e a relação com o Irã, cujo regime é o principal antagonista dos israelenses no Oriente Médio. “Não podemos ter carinho ou ser amigos de ditaduras. Só relação diplomática e nada mais”.
Serra saiu apressadamente do local, afinal, tinha comício marcado para Caxias do Sul (RS) duas horas depois. Ficou para trás o congresso religioso, que contava com feira de negócios com venda de púlpitos de acrílico, músicas gospel, instrumentos musicais e óleos para unção. “Na paz do Senhor” repetiam os presentes.
Fonte: UOL
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