Enquanto para Silas Malafaia, o PT defende o aborto, pastores como Manoel Ferreira e Robson Rodovalho dizem que esta ideia não é defendida por Dilma.
A divulgação de uma nova versão da Carta Aberta ao Povo de Deus e uma propaganda de TV em que a candidata Dilma Rousseff (PT) exponha claramente a posição contrária ao aborto são algumas propostas para o segundo turno defendidas por lideranças evangélicas que atuam na campanha da petista.
Com o diagnóstico de que informações espalhadas na internet sobre Dilma ser a favor da legalização do aborto foram decisivas para impedir a vitória da candidata no primeiro turno, o coordenador evangélico da campanha, deputado Manoel Ferreira (PR-RJ), disse que pretende fechar até amanhã a estratégia para as próximas semanas. "A Dilma tem que fazer manifestações públicas claras contra o aborto, de valorização da vida e da família. A iniciativa deve partir dela. Acredito que, em uma nova versão da Carta ao Povo de Deus, podemos detalhar melhor alguns temas", afirmou.
Na versão da carta divulgada no primeiro turno, Dilma diz que cabe ao Congresso Nacional discutir "aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes", sem detalhar a posição pessoal em relação aos assuntos. Presidente da Assembleia de Deus de Madureira, o pastor Manoel Ferreira lembra que a comunidade evangélica costuma se reunir três vezes por semana e acredita que é possível "fazer chegar a mensagem (de Dilma) à base com facilidade".
Também aliado de Dilma, o deputado Robson Rodovalho (PP-DF), bispo da igreja Sara Nossa Terra, diz que a mensagem a ser transmitida é a de que, apesar de muitos parlamentares do PT terem votado a favor da legalização do aborto, esta posição não é defendida por Dilma. "Ela tem compromissos mais próximos de nós. Não obstante o histórico de dificuldades (dos evangélicos) com o PT, Dilma foi maior do que o partido", diz Rodovalho.
Vídeo
Um dos principais propagadores da ideia de que "o PT está fechado com o aborto" é o pastor Silas Malafaia, que comanda programas evangélicos no rádio e na televisão e apoia o tucano José Serra. Em setembro, ele recomendou aos fiéis que assistissem ao vídeo em que o presidente da Primeira Igreja Batista de Curitiba, pastor Paschoal Piragine Júnior, prega o boicote ao voto no PT. "Eu não podia mostrar o vídeo no programa. Usei o limite da Lei Eleitoral", conta Malafaia, que no primeiro turno declarou o voto em Marina Silva (PV).
"Esse negócio de boato é conversa fiada. Não satanizo partidos políticos, mas está nos anais da Câmara e do Senado a defesa do PT ao aborto. Hoje se protege capim, planta, baleia e a vida humana é banalizada", diz o pastor,
Na pregação em que pede aos fiéis que não votem no PT, o pastor Piragine exibe um vídeo com imagens feitas pelo Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política. Fundador da entidade, o deputado Robson Rodovalho afirma que o vídeo não foi feito com propósitos eleitorais. "O pastor Piragine não separou o joio do trigo."
Reação
Certo de que a polêmica vai continuar no 2º turno, o coordenador evangélico da campanha petista, deputado Manoel Ferreira (PR), diz que Dilma precisa reiterar sua posição contrária ao aborto.
Fonte: Estadão
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