Logo da igreja Bola de Neve |
De: Elen Valereto
Jornal Diario da Região
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Jovens de bermuda, pés descalços, de chapéu ou boné, acomodados em sofás e em cadeiras posicionadas próximas ao ponto central de atenção dos convidados. Os mais à vontade sentam-se no chão em um tapete, com as pernas cruzadas, como se estivessem em suas casas.
Nos diálogos é possível encontrar facilmente gírias como “trampo”, “mano”, “vacilão”, “cara”, mas que para eles são palavras introduzidas e incorporadas naturalmente ao vocabulário do grupo, formado por cerca de 50 pessoas. Na parede, um “data show” está instalado para exibição de imagens e textos projetados na tela. Mas, não, não é um show nem tampouco um encontro informal de comemoração. É uma igreja. Sim, uma igreja evangélica: a Bola de Neve.
Mas para quem entra em um salão de cabeleireiro da rua Siqueira Campos, 3.597, no bairro Boa Vista, em Rio Preto, aos sábados à noite, nem imagina para que serve o local improvisado. Já na entrada, dois suportes para tochas de fogo recepcionam os visitantes.
Outra surpresa é o local em que o presbítero e administrador de empresas Leandro Pinheiro, de 28 anos, conhecido como Léo, apoia a Bíblia e o notebook para dar início ao culto, marcado pontualmente às 20h: uma prancha de surf. “Tudo começou de forma improvisada em um depósito de pranchas de surf e uma delas foi utilizada para apoiar o material de trabalho. Era a realidade deles naquele momento, mas não é nossa regra. No último encontro, utilizamos um skate”, conta Léo.
Durante o encontro, as palavras dele se intercalam com as canções de mensagens de Deus, amor, amizade e de alerta contra as drogas e álcool, ao som de um violão tocado por Léo e acompanhado por todo o grupo. As músicas são programadas no notebook,algumas em ritmos lentos, mas que também deixam expressa influências do reggae e até do rap.
Atento à celebração de Léo, o pastor e representante comercial Demétrio Jammal acompanha a leitura de trechos da Bíblia e separa as páginas com o auxílio de um marcador com formato de prancha de surf. Para ele, o que diferencia a igreja Bola de Neve é a linguagem alternativa e presente na vida daqueles jovens. “É uma linguagem jovial, que possui identidade para atrair e cativar aqueles que buscam a palavra de Deus”.
“Fico à vontade aqui e posso sentir a presença de Deus sem me preocupar se estou sendo analisado”, afirma o gerente de vendas, Leandro Romão Garcia, de 25 anos. O jovem conta que conheceu a igreja evangélica Bola de Neve há três anos, durante uma viagem a Londrina, no Paraná, onde participou de uma conferência. “Gostei muito que deu certo de a igreja vir para Rio Preto também, pois não somos muito aceitos na sociedade por causa de nossas personalidades”, diz Garcia.
‘É show’
Com o estudante Rodolfo Rodrigues Honorato, de 19 anos, a reação ao conhecer a igreja evangélica Bola de Neve não foi diferente. Ele conta que uma amiga o levou em uma das reuniões e pela segunda vez compareceu aos encontros.“Estou gostando muito, é show de bola.”
Integrante de um grupo de dança de rua há três anos, Honorato destaca que a interação dos jovens com as mensagens na Bola de Neve são mais intensas. “Pretendo continuar a frequentar aqui, pois vejo que na dança a mensagem de Deus também pode ser transmitida assim como é feito nessa igreja.”
Recém-chegada a Rio Preto, os adeptos já participaram de cinco encontros realizados a cada 15 dias, aos sábados, e que tiveram início no dia 9 de outubro. Em geral, são pessoas ligadas ao esporte, descoladas e que buscam demonstrar a fé em um local onde não há preconceitos ou julgamentos pelos estilos variados de seus adeptos.
Surgimento, em 2000, deve-se a surfista
A igreja evangélica pentecostal Bola de Neve surgiu oficialmente em janeiro de 2000, em São Paulo, tendo como fundador o surfista e apóstolo Rinaldo Luís de Seixas Pereira, o Rina, que começou fazendo reuniões com amigos. Sem maiores pretensões no início, os encontros começaram a tomar maiores proporções. “O nome da igreja foi até profético porque cresceu como uma bola de neve”, diz o presbítero e administrador de empresas Leandro Pinheiro, o Léo.
A missão da Bola de Neve é acolher jovens que procuram a igreja e querem mostrar o sentimento por uma religião e encontram ali uma linguagem mais direta e presente no cotidiano. O estudante Caio Cesar Correa Pimentel, 20 anos, é um que aprovou o grupo após visitar pela primeira vez a igreja. “Pretendo voltar outras vezes. Os temas e a linguagem são bem atuais, mas descolados e são direcionados para um público mais alternativo”.
Uma tendência na Bola de Neve é receber também alguns pais de jovens que frequentam o local. Segundo Léo, os pais querem saber o que, muitas vezes, transformou o filho. “Tudo isso acontece porque buscamos um Deus imenso. Ele traz a alegria e sei que fará tudo por nós”, diz Leo, responsável por conduzir as celebrações.
Celebrações passarão a ser semanais
A partir de janeiro, os encontros na Bola de Neve serão mais frequentes e a celebração dos cultos, antes quinzenais, agora serão realizadas todos os sábados para dar conta do crescente grupo de seguidores. Na última celebração, no dia 4, cerca de 50 pessoas compareceram ao local improvisado que durante o dia é um salão de cabeleireiro, mas que já comportou quase 100 pessoas.
A expectativa é que a igreja Bola de Neve venha a mudar de “sede” no próximo ano. “Estamos crescendo, seguindo a tendência de uma bola de neve e devemos realizar nossos próximos encontros em um salão de hotel e, quem sabe, mais futuramente, ter um espaço só nosso”, afirma o presbítero e administrador de empresas Leandro Pinheiro, de 28 anos, conhecido como Léo
Se depender do entusiasmo de seguidores como o estudante Rodolfo Rodrigues Honorato, 19 anos, a igreja tem tudo para se consolidar. Segundo ele, a empatia que sente nos cultos é a mesma que existe na sua arte de dançar.
Visita ilustre
Um outro sonho dos seguidores da igreja é que um dia o ex-vocalista do grupo brasileiro de rock Raimundos, o Rodolfo, possa um dia visitá-los em Rio Preto. Rodolfo Arantes é um conhecido componente da Bola de Neve e hoje se dedica a ministrar cultos na igreja atuando como missionário itinerante.
“Mas isso é um sonho mais distante. Ele tem muitos compromissos e uma agenda lotada”, diz Léo. Rodolfo, famoso com sua ex-banda graças a músicas como “Mulher de fases” e “Quero ver o oco”, agora ‘surfa’ nas ondas da parada gospel graças a composições como “Santidade ao Senhor” e “Enquanto é dia”.
o mais importante é a presença de Deus... toda honra e glória são dadas a Ele!!
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