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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Foto de modelo seminu dentro de igreja causa polêmica


Por Luana Santiago 

Nesta quinta-feira (8) a Igreja Católica vai anunciar as medidas contra o fotógrafo Márcio Costa, autor de fotos postadas no Facebook. As fotos sem autorização da igreja foram feitas dentro da Paróquia São Domingos, uma das principais da cidade de Catanduva, a 385 km da capital paulista.

O modelo aparece apenas de sunga branca, no corredor central, tendo como cenário o altar. Além da paróquia, o fotógrafo usou o cemitério da cidade como cenário para fazer fotos do mesmo modelo. No cemitério, o rapaz está totalmente nu, com as asas, e flores tapando o sexo.

Apesar das imagens já terem sido tiradas da rede social, os fieis da igreja católica estão exigindo uma posição da igreja para que o caso não volte acontecer, disse o advogado da Diocese de Catanduva, Flávio Thomé. "Essas fotos causaram um problema sério, nossos fieis ligaram, estão mesmo indignados com essas fotos e pedem que façamos algo para impedir isso”.

De acordo com o advogado, entre as medidas está o ajuizamento de ações civil e penal. "A primeira, para reparação de danos morais para impedir que outras pessoas façam a mesma coisa", disse. "A outra, penal, pensamos que as autoridades devem agir de ofício pelo ultraje público ao pudor por fotos que mostram o modelo em posições obscenas", completou Thomé.

Em entrevistas à imprensa, o fotógrafo Costa disse que as fotos são artísticas, que não tinha intenção de ofender a igreja e que, se precisar, vai pedir desculpas. Ele ainda comentou que não imaginava que as imagens causariam tamanha repercussão e por isso está disposto a conversar com os representantes da igreja para pedir desculpas.

Segundo Costa, as imagens seriam parte do material de uma exposição que ele está montando, intitulada "Anjos Caídos". As fotos, segundo ele, foram baseadas no trabalho do fotógrafo francês David Lachapelle, que usa temas religiosos em suas fotos.

Fonte: The Christian Post

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Oração contra casamento gay causa polêmica na França


Uma oração, que será lida nas missas das igrejas da França, causou polêmicas por focar-se na família e filhos com o intuito de ressaltar a oposição ao casamento gay.

Na chamada Oração para a França pede-se que as crianças e jovens “deixem de ser objetos dos desejos e conflitos dos adultos para beneficiar-se plenamente do amor do pai e da mãe”, de acordo com a AFP.

Os responsáveis pelo texto foram os bispos da França em resposta ao Presidente Francois Hollande, que prometeu legalizar o casamento gay e a adoção de filhos no próximo ano.

A Oração para a França era um costume secular originado no século 17, quando o rei Luís XIII da França decretou que todas as igrejas orassem no dia 15 de agosto para o bem do país. Ela acabou não sendo mais feita depois da 2° Guerra Mundial.

Segundo um porta-voz da Igreja Católica, Dom Bernard Podvin o renascimento da oração foi para “aumentar a consciência da opinião pública sobre graves escolhas sociais”.

Grupos de ativistas gays se enfureceram com a oração que será lida em todas as congregações da França nesta quarta-feira, 15 de agosto, dia que marca a festa da Assunção. Eles acusaram a igreja de homofobia e de interferir na política.

"Ele está insinuando que é perigoso para uma criança ser educada por pais do mesmo sexo. O texto da oração é homofóbico. Definição de família da igreja está longe da realidade das diversas famílias que vemos hoje - do mesmo sexo, mista ou famílias monoparentais. Nós estamos pedindo que todos os diferentes tipos de famílias sejam reconhecidas, no interesse da criança e dos pais", disse o porta-voz do grupo Inter LGBT, Gougain, segundo a publicação Digital Journal.

O casamento do mesmo sexo já é legalizado em vários países da Europa, incluindo os tradicionalmente católicos Espanha e Portugal.

Na França, mais da metade da população é a favor do casamento homossexual (65%), segundo pesquisa realizada pela Ifop; e a favor da adoção de crianças por casais homossexuais (53 por cento), segundo divulgou a pesquisa feita pela La Lettre de L’Opinion.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

'AI SE EU TE PEGO' vira trilha sonora em procissão católica na Espanha


Banda toca Michel Teló em procissão
O sucesso de Michel Teló, graças à sua canção 'Ai Se Eu Te Pego' é grande, tanto que o cantor já viajou o mundo fazendo shows em Londres, Portugal, Espanha entre outros países. Mas esse sucesso está entrando, inclusive, no mundo religioso.     

Durante uma procissão religiosa em Múrcia, na Espanha, enquanto alguns integrantes seguravam a imagem de Jesus Cristo, uma banda tocava a canção 'Ai Se Eu Te Pego'. O fato inusitado aconteceu durante a Semana Santa da Páscoa.

O vídeo na internet já foi visto por mais de 1,5 milhão de pessoas no Youtube. Veja o video


terça-feira, 17 de abril de 2012

Cartaz da Parada Gay em Maringá utiliza imagem da Catedral e causa polêmica


Foto divulgação

Por The Christian  

Um cartaz utilizado para divulgar a parada gay de Maringá (PR), em que aparece a imagem da catedral católica causou polêmica entre a população. O grupo de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT) criou uma imagem em que o arco-íris (símbolo gay) explode do teto da igreja, a Catedral Basílica Menor de N. S. da Glória, principal ponto turístico da cidade.


O arcebispo de Maringá Dom Anuar Battist acredita que os cartazes são desrespeitosos. “A Catedral antes de ser um símbolo de Maringá, é um símbolo religioso da fé da maioria dos maringaenses e, por essa razão, lamentamos o uso do cartaz”, disse Dom Battisti ao G1.

O arcebispo ressaltou ainda que a Igreja não pretende impor valores e princípios. “A Igreja Católica não tem a pretensão de domesticar a sociedade, impondo-lhe seus princípios e valores”, disse a nota emitida pela arquidiocese de Maringá.

A nota ressalta que a igreja respeita a diversidade social, mas “nem sempre concorda com todos os tipos de comportamento”. A nota diz que a entidade lamenta o uso da imagem da catedral e solicita a retirada do cartaz de todos os meios de comunicação.

O responsável pela organização da parada, e integrante do grupo Maringay, Robson Girardello, explicou que a idéia para a criação do cartaz veio do álbum do grupo britânico Pink Floyd, The Dark Side of the Moon.

“Simbolicamente, é algo que entra inteiro e direto de um lado, e sai plural do outro, mostrando suas diversas e verdadeiras formas”, explica, em um trecho de um texto publicado por Girardello no site do Maringay.

Também o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AGLBT), Toni Reis, disse que não viu má intenção no cartaz.

“O símbolo de Maringá é a Catedral e o arco-íris é o símbolo da diversidade. Eu não vi nenhum desrespeito. Até porque nós também somos filhos de Deus. Eu não vi maldade nenhuma”, disse à publicação.

Segundo o Maringay, o material não chegou a ser impresso e foi postado na internet como um rascunho da campanha.

A Parada Gay em Maringá está marcada para 20 de maio.

sábado, 12 de novembro de 2011

OMG News : Conselho quer impedir que haja proselitismo no ensino religioso

O CNE (Conselho Nacional de Educação), que é ligado ao Ministério da Educação, quer impedir que as religiões façam proselitismo nas escolas.

César Callegari, presidente de uma comissão do CNE que se dedica ao tema, informou que o órgão vai divulgar no começo do próximo ano um documento sobre a atual situação do ensino religioso e o que poderá ser feito para enquadrá-lo na laicidade.

O documento vai questionar o acordo que o Brasil assinou com o Vaticano estabelecendo que esse tipo de ensino deve ser dado por representantes da Igreja Católica ou por de outras religiões.

“Estamos preocupados com os problemas que esse acordo pode trazer”, disse ele ao iG. “Devemos fazer de tudo para proteger o Estado laico.”

O ensino religioso é facultativo aos alunos, mas as escolas públicas são obrigadas a oferecê-lo, de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).

O professor de religião tem de ser isento, sem manifestar qualquer dogma, mas não é o que ocorre em muitos casos. Na prática, os estudantes acabando sendo alvo de proselitismo, principalmente do católico.

“Precisamos garantir o cumprimento do que está na lei de maneira adequada”, disse Callegari.

Ele vai discutir o assunto com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Brito, que é o relator de uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) proposta pela Procuradoria Geral da União para que se discipline o ensino religioso e se invalide o acordo Brasil-Vaticano.

Entre os líderes religiosos, não há consenso. Alguns deles são contra o ensino religioso por entenderem que, do jeito que está, a Igreja Católica é única beneficiada.

Fonte: paulopes

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

OMG News : Revista IstoÉ e Os 7 pecados da Igreja Católica


Papa Bento XVI
Quais são os motivos que explicam a galopante queda de fiéis, principalmente jovens e mulheres, no maior país católico do mundo?

Faz cerca de 140 anos que o número de católicos no Brasil segue ladeira abaixo. No século XIX, precisamente em 1872, o conglomerado de brasileiros que se assumia fiel à Igreja Católica beirava a totalidade da população, 99,7%. Durante os 100 anos seguintes, a cada década que se encerrava, aproximadamente 1% abandonava a religião. O índice dessa queda, atualmente, continua o mesmo. Mudou, porém, o fato de ele ocorrer a cada ano. Essa aceleração do declínio foi constatada pela pesquisa “Novo Mapa das Religiões”, realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Faculdade Getulio Vargas. Ao processar microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003 e 2009, os estudiosos, capitaneados pelo economista Marcelo Neri, constataram que nesse intervalo de seis anos cerca de 6% da população deixou a religião romana – decresceu de 73,7% para 68,4%. O montante de fiéis que segue atualmente a doutrina preconizada pelo Vaticano é o mais baixo verificado no País. E, pela primeira vez na história, em alguns Estados e capitais da maior nação católica do planeta, o número de adeptos da religião não chega nem à metade dos habitantes (leia quadro). Quais seriam, então, os deslizes patrocinadores da queda do status do catolicismo entre os brasileiros, como as estatísticas não se cansam de mostrar? ISTOÉ recorreu a um colegiado de profissionais da religião, gente que pensa a Igreja, para discorrer sobre os possíveis pecados da Santa Madre. Eis os sete principais confessados.

1 Romanização da Igreja

É cantada em prosa e verso, já há algum tempo, a rejeição dos fiéis contemporâneos a autoridades religiosas que impõem doutrinas e ritos. Imposição, obrigação e restrição são palavras proscritas em um cenário no qual cada vez mais as pessoas se habilitam a estar no comando do próprio destino. A Igreja Católica, no entanto, caminha na direção oposta. Vive um momento de reinstitucionalização de seus fiéis, de os disciplinar para que aprofundem a sua fé. Os bispos defendem um contato maior com os bens religiosos, como missas e novenas. Esse processo preconizado pelo Vaticano é conhecido como romanização do catolicismo. “Bento XVI prefere uma Igreja menor e mais atuante em vez de uma maior sem atuação coerente e consistente”, afirma o cientista da religião Jung Mo Sung, da Universidade Metodista do Estado de São Paulo (Umesp). “A estratégia fortalece o fervor de uma minoria praticante, mas traz uma consequência não intencional da perda de adesão de católicos difusos.”

Esse efeito-rebote, somado à procura cada vez maior da população por curas e milagres que resolvam rapidamente seus problemas, tem levado esses católicos a migrar para outras denominações ou encorpar o grupo dos que fazem contato com o divino sem o intermédio de uma instituição. “A Igreja prefere que as pessoas que buscam soluções imediatas por meio de milagres não permaneçam nela”, diz o teólogo jesuíta João Batista Libanio. Diminui-se o número de católicos, mas, por outro lado, aumenta-se o dos praticantes conscientes.

2 Supermercado católico

Párocos têm relatado que seus templos estão existindo à imagem e semelhança de supermercados. Percebem que é cada vez maior o número de fiéis que procuram a igreja ocasionalmente, em busca de serviços religiosos como casamentos, missas de sétimo dia, batizados e bênçãos de lugares e objetos. Tratado como produto, o casamento, só para citar um dos “bens” católicos, se torna um evento alheio à doutrina. “Há casais que trazem o CD da novela que faz sucesso para tocar na cerimônia. Se você se nega, alguns inconformados batem boca com você, viram as costas e procuram quem o faça”, conta o padre José João da Silva, da paróquia São José Operário, em Itaquera, na zona leste da cidade de São Paulo. “Vivemos uma igreja fast-food.”

Nessa lógica de mercado, missa de sétimo dia tem se transformado em uma grande assembleia de gente que só foi ao templo por conta da ocasião e não está preocupada com o significado do ritual. Quanto aos batizados, explica o cônego Celso Pedro da Silva, da paróquia Santa Rita de Cássia, do Pari, zona norte de São Paulo, a Igreja supõe que quem quer que o filho se insira nela antes do uso da razão o faz porque dela faz parte e aceita suas regras. “O mesmo vale para a primeira comunhão, mas muitos pais não têm vínculos efetivos, nem foram casados na Igreja”, diz ele. “Acredito que uma dificuldade do catolicismo seja saber que o povo católico não é evangelizado e, mesmo assim, se comportar na prática como se ele fosse”, diz o cônego. O padre João Carlos Almeida, teólogo e diretor da Faculdade Dehoniana (SP), foi vigário paroquial no Santuário São Judas Tadeu, na capital paulista, por três anos. E conta que passava quase o dia todo atendendo a confissões e abençoando automóveis. “Muita gente trazia seu carro recém-comprado para ser benzido e ia embora. Poucos rezavam ou participavam de uma missa”, lembra. Com a oferta religiosa na vitrine, católicos assistem a seus fiéis se afastando dos vínculos espirituais.

3 Fuga de mulheres

Está lá no “Novo Mapa das Religiões”. Entre as 25 denominações pesquisadas, apenas no catolicismo a mulher não constitui a maioria dos adeptos . Entre evangélicos, espíritas, religiões de matriz africana, oriental e asiática, elas superam os fiéis do sexo masculino. As católicas, porém, são cerca de 67,9%, enquanto os homens são 68,9%. Neri, o organizador do estudo da FGV, atribui o resultado, entre outras interpretações, ao fato de as alterações no estilo de vida feminino ocorridas nos últimos 30 anos não terem encontrado eco na doutrina católica, menos afeita a mudanças. De fato, seguem engessadas na Igreja, só para citar três tabus, as questões sobre os métodos contraceptivos, o divórcio e o aborto.

De acordo com o teólogo Jorge Cláudio Ribeiro, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), o catolicismo não gosta da mulher. “Ao que parece, elas, mal-amadas que são pela Igreja, estão se autorizando a não gostar da religião, a reagir”, diz ele. Seu colega de PUC, o padre e psicólogo João Edénio dos Reis Valle, afirma não ter dúvida de que a questão de gênero pesa na constante diminuição do número de católicos no País. “Ela pesa em especial nas mulheres de classes mais instruídas e em melhor posição socioeconômica”, afirma. “Essas não só percebem como discutem e não aceitam as posições da Igreja em relação a uma série de questões que as afetam.” E conclui discorrendo sobre a não participação clerical feminina. “Elas reivindicam um papel novo e ativo na vida da instituição.”

4 Escândalo de pedofilia

Em 2002, um grupo de mais de 500 pessoas levou à Justiça americana denúncias de abusos sexuais cometidos por sacerdotes e membros da arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos. Esse escândalo foi a chama que fez arder uma fogueira de denúncias mundo afora, inclusive no Brasil. Na Irlanda, só para dar a dimensão do problema, a pedofilia acobertada por seis décadas pela hierarquia católica local foi tachada pela Anistia Internacional como o maior crime contra os direitos humanos já registrado na história daquele país. Para uma instituição que tem como bandeira a verdade sobre o mundo, ser atingida por problemas éticos que constituem crime representou um duro golpe. E a mazela dos escândalos de abuso sexual envolvendo crianças afastou muitos simpatizantes do catolicismo. É o que defende o cientista da religião Sung. “O militante não terá sua fé abalada. Mas os que se sentiam católicos por uma afinidade de infância ou inspirados em alguma figura pública podem ter deixado de ser por causa desses fatos.”

Para piorar, a Igreja não foi hábil na cicatrização da ferida. “Ela trabalhou a questão na base do segredo e do corporativismo. A lógica interna de uma instituição que se protege e não ventila o problema levou a ampliar o fenômeno, tornando-o uma sensação nos meios de comunicação”, afirma a socióloga da religião Brenda Carranza, da PUC de Campinas. Só há pouco tempo Bento XVI decidiu ordenar que os bispos abrissem normativas internas contra padres suspeitos de ser pedófilos e informassem as autoridades civis. Em setembro, ao visitar sua terra natal, a Alemanha, que perdeu 180 mil adeptos no ano passado por conta dos abusos sexuais praticados por sacerdotes, disse: “Posso compreender que, em vista de tais informações, alguém diga: ‘Esta já não é a minha Igreja.’”

5 Ausência de lideranças

Dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, falecido em 1999 aos 90 anos, foi quatro vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Grande defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar brasileira, homem de vida simples que morava no quartinho de uma sacristia no Recife, ele foi um expoente internacional da Igreja Católica. Multidões se mobilizaram ao seu redor, no Brasil e na Europa, para ouvi-lo. Atualmente, porém, não há entre o colegiado católico nacional símbolos como dom Hélder, capaz de cooptar fiéis por meio do exemplo. “Numa sociedade moderna, em que a adesão à religião acontece por opção pessoal, é preciso que haja nomes admirados publicamente”, diz Sung, da Umesp. As grandes figuras católicas da atualidade são os padres cantores. Eles, porém, fazem eco entre os católicos militantes, explica Sung, mas não são referência para setores não atuantes do catolicismo. A Igreja deixou de ser representativa entre os brasileiros como algo a ser admirado há quase duas décadas. Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal emérito de São Paulo que lutou contra a tortura e os maus-tratos a presos políticos durante a ditadura, e uma dessas figuras que inspiraram muitos católicos, se aposentou em 1998. “Dom Paulo é uma personalidade que enfrentou um regime militar, criava afinidade entre o povo e a instituição”, afirma o padre Libanio. Aos 90 anos, Arns vive recluso em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, enquanto sacerdotes empunham microfones para cantar e fazer coreografias de suas músicas no altar.

6 Comunicação centralizada

Há comunidades dentro do catolicismo que lançam mão de tecnologias para se relacionar com os jovens. Elas têm escancarado à Igreja, segundo a socióloga da religião Brenda, que não é mais possível seguir com a ideia de que o fiel se encontra na paróquia. Estabelecida em sua maioria em grandes centros urbanos, essa turma mais nova sofre com o impacto da mobilidade, do crescimento acelerado, do consumo exacerbado, enfim, elementos que a fazem estabelecer relação com a crença muitas vezes a distância. Para a professora da PUC, a noção de participação das novas gerações urbanas é pautada pela afinidade. O jovem busca uma instituição quando se identifica com ela, independentemente da proximidade física. “Mas a noção da Igreja de paróquia é territorial”, diz Brenda. Para o padre Libanio, enxergar as demandas da população e repensar até onde a religião pode ir na direção delas é o caminho para o futuro do catolicismo. “Os fiéis querem aquilo que os satisfaz e têm buscado muito o mundo virtual”, diz ele. “A Igreja Católica tem de repensar a sua estrutura paroquial.”

7 Perda de identidade social

Houve um tempo, em muitas cidades do interior do País principalmente, que frequentar uma igreja era condição obrigatória para quem quisesse engatar um relacionamento amoroso sério. Quantos garotos não foram riscados por potenciais sogras da lista de pretendentes pelo fato de não irem à missa? Assumir-se membro de uma entidade religiosa – católica, de preferência – conferia pertençer a um grupo social. Diante da pressão para uma definição religiosa, muita gente tendia a assumir a crença na qual havia sido batizado, mesmo que exercitasse também a sua fé em terreiros de umbanda ou centros espíritas. “Católico era o imenso guarda-chuva cultural e religioso que permitia o trânsito espiritual”, diz Brenda Carranza, da PUC. Com a disseminação do processo de secularização no campo religioso nacional, essa prática foi ficando obsoleta. A possibilidade de expressar a fé livre de preconceitos tem feito com que cada vez mais os brasileiros, quando submetidos a censos, assumam que não seguem os dogmas defendidos pela Santa Sé ou mesmo nenhum credo – daí o grupo dos sem-religião também estar em crescimento. O catolicismo, então, perdeu a status de produtor de identidade social.





































Fonte: Revista IstoÉ - Edição: 2187

terça-feira, 6 de abril de 2010

OMG News : EUA analisam pedido de imunidade do Vaticano em casos de pedofilia


A Suprema Corte dos Estados Unidos indicará se aceita um recurso apresentado pelo Vaticano para impedir que alguns de seus religiosos sejam interrogados durante as investigações sobre o caso de um sacerdote acusado de pedofilia no Oregon (oeste do país).

A maior instância judicial dos Estados Unidos pediu em novembro de 2009 ao representante do governo de Barack Obama que desse sua opinião sobre a possibilidade de aceitar o caso, que pode ser extremamente embaraçoso para a Santa Sé, envolvida em uma série de escândalos de pedofilia, informou nesta segunda-feira uma fonte judicial.

Se optar por aceitar o recurso, a decisão sobre a imunidade só deverá sair em 2011. Caso contrário, "poderemos iniciar a instrução, recebendo os depoimentos diretamente dos responsáveis do Vaticano e exigindo que nos entreguem todos os documentos referentes ao sacerdote Andrew Ronan", acusado no caso, explicou à AFP Marci Hamilton, advogada do demandante.

O demandante do processo, que se manteve anônimo, afirma ter sido abusado sexualmente por esse sacerdote irlandês nos anos 1960 em Portland, quando este já tinha sido acusado de pedofilia na Irlanda e, posteriormente, em Chicago.

Fonte: AFP



quinta-feira, 13 de agosto de 2009

OMG News: Comissão da Câmara aprova estatuto jurídico da Igreja Católica

A Comissão de Relações Exteriores aprovou nesta quarta-feira o acordo que cria o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. O relator do texto aprovado, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), afirmou que o acordo não fere a Constituição Federal, enfatiza a necessidade de relações internacionais com todos os povos e admite a aproximação com todas as religiões. Leia mais aqui...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

OMG News : Vaticano nega possibilidade de direitos a filhos de padres

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, negou nesta segunda-feira que a Igreja católica esteja analisando a possibilidade de conceder alguns direitos jurídicos a filhos de sacerdotes. Leia mais aqui...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

OMG NEWS : Livro revela como a Igreja Católica ajudou o nazismo e outras ditaduras

“Se o papa ordena liquidar alguém na defesa da fé, faz-se isso sem questionamentos. Ele é a voz de Deus e nós somos a mão executora." Assim pensava o cardeal italiano Paluzzo Paluz zi, que no século XVII exerceu o cargo de chefe da Santa Aliança - o temido serviço secreto do Vaticano, na Itália.
E assim raciocinavam também ao menos outros 39 religiosos que atuaram no comando das organizações de espionagem e contraespionagem ligadas ao Estado do Vaticano desde a sua criação em 1566. Leia mais...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

OMG News : Vítimas de abuso em escolas católicas protestam na Irlanda

Sobreviventes de estupros e rituais de espancamento em escolas católicas marcharam silenciosamente nesta quarta-feira até o Parlamento irlandês, carregando sapatos de crianças e vestidos com fitas brancas simbolizando a juventude perdida.
A revelação de surras, trabalho escravo e estupros no agora extinto sistema irlandês de escolas industriais e de reforma envergonham o povo do país, particularmente os mais velhos, que não confrontaram o que um relatório no mês passado chamou de abuso endêmico.
"Era como se você estivesse dentro de uma prisão e, quando você sai, você não fala sobre isso", afirmou Marina Permaul, 66, que foi criada com "estilo militar" por freiras no condado de Galway, no oeste do país.
"Você não fala sobre isso nem com as suas crianças", disse Permaul, que chegou de Londres para participar da marcha. "Você fica muito envergonhada com isso tudo e, de qualquer forma, eles vão acreditar em você?
Você não ousa manifestar-se livremente contra uma ordem religiosa."Notícias locais informaram que cerca de 7.000 pessoas participaram da marcha, incluindo centenas de vítimas de abuso.
Os organizadores do protesto, organizado para coincidir com um debate parlamentar sobre o relatório, expressaram raiva quanto ao fato de que as conversas foram adiadas para permitir que o Parlamento avalie uma proposta de não confidência no governo.
"Isso realmente enfatiza novamente que o Estado não entendeu de fato uma iota do que isso significou para 165.000 crianças que estiveram em 216 instituições", afirmou a sobrevivente Christine Buckley."Estou muito desapontada", disse Buckley, que criou o Aislinn Centre, que dá apoio aos sobreviventes.
O inquérito, presidido pelo juiz da Corte Suprema Sean Ryan, criticou autoridades religiosas por cobrir os crimes e o Departamento de Educação por ser complacente com o silêncio.
A investigação também registrou que as crianças também eram alvos de pais adotivos, voluntários e funcionários.O relatório não identificou os agressores após uma bem-sucedida ação legal pelos Christian Brothers, que era o maior provedor de assistência residencial para garotos na Irlanda.
Uma série de escândalos envolvendo padres tiraram a Igreja Católica Romana de sua posição de primazia na sociedade irlandesa.
Ordens religiosas identificadas no relatório enfrentaram pressão para pagar indenização às vítimas. Um acordo de 2002 estabeleceu a contribuição em um fundo de retificação de 127 milhões de euros (177 milhões de dólares), mas o valor total deve ultrapassar 1 bilhão de euros.Buckley disse que o fundo de retificação era uma falha e pediu que sua indenização seja revista e um outro fundo, estabelecido.
Nos Estados Unidos, a arquidiocese de Los Angeles acertou o pagamento de 660 milhões de dólares a 500 vítimas, na maior indenização desse tipo.
Fonte: G1

segunda-feira, 8 de junho de 2009

OMG News : Ateu pede anulação do batismo realizado em bebê

Aos 38 anos, Ricardo Silvestre iniciou o processo para deixar de ser batizado e de fazer parte da Igreja Católica. O patriarcado diz que, por ano, há cerca de seis pedidos destes em Portugal.
Ricardo Silvestre tinha um ano quando foi batizado e 13 anos quando percebeu " que não queria ter nada a ver com o Deus vingativo da Bíblia". Mas só este ano, aos 38, resolveu formalizar a separação e "anular" o seu batismo.
O processo é simples, mas, segundo adiantou ao DN o Patriarcado de Lisboa, são poucos os pedidos de cisão, não ultrapassando os seis por ano. "Fui até à igreja de Alcabideche, onde fui batizado quando tinha um ano, entreguei a carta ao padre e pedi a opinião dele. Primeiro ficou estupefato, depois revelou incompreensão e finalmente enfado, uma irritação cordial", conta o técnico superior de desporto.
Ricardo fez tudo como mandam as regras e até resolveu descrever o seu processo de apostasia (separação com a igreja) num site (ver caixa) para servir de exemplo. Com resultados. "Nos últimos dias já quatro pessoas me disseram que iniciaram o processo", conta.
O primeiro passo foi pesquisar os documentos do Vaticano que explicam a apostasia e o chamado actus defectionis (ato de ruptura). Depois escreveu a carta que entregou na paróquia onde foi batizado.
A missiva também pode ser enviada para a respectiva diocese, indicando data e local do batismo, mas a Igreja só avança se conseguir confirmar que o pedido é da própria pessoa, explica o cônego Manuel Lourenço, que trata destes processos no Patriarcado de Lisboa: "Ou a pessoa vem ela própria ou envia uma assinatura reconhecida.
"O cônego diz que à diocese de Lisboa chegam poucos pedidos destes. "De Portugal apenas uns cinco ou seis por ano. Da Alemanha temos cerca de 10 em mãos, por causa dos impostos", conta.
Isto porque naquele país a filiação numa Igreja implica o pagamento de um imposto que o Estado desconta e depois passa à respectiva organização.
Como em Portugal não há implicações deste tipo, as pessoas não se dão ao trabalho de formalizar a saída, explica. As que o fazem, não dizem porquê. "Há pouco tempo recebemos uma carta em que a pessoa explicava que se tinha convertido ao budismo, mas a maior parte não diz nada.
Pode ter a ver com a entrada em outras organizações, como a maçonaria", explica o sacerdote.
Ricardo Silvestre resolveu fazê-lo porque é um "ateu militante" - uma dedicação que surgiu depois de assistir a uma conferência sobre a teoria do "desenho inteligente". "Achei que era um elogio à ignorância. Tudo o que não entendo explico com a intervenção de Deus", conta.
Por outro lado, "não queria continuar a fazer parte dos 80% da população portuguesa que a a igreja diz representar". Sobretudo porque "a Igreja tem posições desagradáveis e tenta influenciar a opinião pública e os políticos", diz.
Para os crentes, o batismo nunca pode ser anulado já que é um selo divino.
Por isso é que "as crianças só devem ser batizadas quando existe esperança de que sejam educadas na fé cristã", explica o cônego Manuel Lourenço. Mas Ricardo não é crente e por isso aguarda que a qualquer momento chegue à sua mão um averbamento (aprovado pelo patriarcado) no seu registro de batismo a confirmar que já não faz parte da Igreja, acrescentando a frase em latim Defectio ab Ecclesia catholica actu formali.
Fonte: DN Portugal

sexta-feira, 22 de maio de 2009

OMG News : Inquérito denuncia abuso sexual ‘endêmico’ de meninos na Irlanda

Um inquérito realizado na Irlanda revelou que 1090 crianças alegam ter sofrido agressões em abrigos infantis, reformatórios e orfanatos católicos do país ao longo de 60 anos e que, em instituições para meninos, o abuso sexual foi "endêmico" no período.
Segundo a Comissão de Inquérito sobre Abuso Infantil, os menores sofreram violência física e abuso sexual em locais que chegaram a abrigar cerca de 35 mil crianças até os anos 80.
O relatório, que aborda a situação de mais de cem instituições religiosas investigadas ao longo dos últimos nove anos, concluiu que os líderes da Igreja sabiam sobre os abusos sexuais de meninos.
Além disso, segundo os depoimentos citados no documento, meninos e meninas das instituições apanhavam com tiras de couro por conversar durante as refeições ou por escreverem com a mão esquerda. "As escolas eram administradas de forma severa, impondo uma disciplina opressiva e não razoável às crianças e funcionários", diz o relatório.
A comissão foi criada em 2000 pelo então primeiro-ministro irlandês Bertie Ahern, que pediu desculpas em nome do Estado às vítimas de abuso infantil.
Um esquema de compensações do governo também foi estabelecido na época e, desde então, já pagou quase 1 bilhão de euros às vítimas.

ABUSOS "CHOCANTES"

Milhares de vítimas prestaram depoimento à comissão, que surgiu depois que uma série televisiva revelou a escala dos abusos.
A jornalista Mary Raftery, que realizou os programas, disse que a extensão dos abusos era "profundamente chocante". Segundo a jornalista, as crianças eram levadas para "casas de terror" e ficavam confinadas até completarem 16 anos. "Elas saíam de lá completamente perturbadas e muitas deixaram o país em seguida", conta.
"Elas sentiam que seu país as havia abandonado, assim como todo o resto, inclusive a religião."
O relatório propõe 21 formas de o governo se redimir dos erros cometidos no passado, incluindo a construção de um memorial, um serviço de acompanhamento psicológico para as vítimas, muitas já aos 50 anos, e a melhoria dos serviços de proteção à criança na Irlanda.
No mês que vem será divulgado um outro relatório sobre supostos abusos de padres católicos em paróquias perto de Dublin, capital da Irlanda.


Fonte: BBC Brasil

segunda-feira, 27 de abril de 2009

MG News: Por baixo dos panos

Quatro meses depois de firmado, tratado entre Brasil e Vaticano só agora chama a atenção da sociedade e desperta críticas.

Um acordo assinado entre o governo brasileiro e o Vaticano no fim do ano passado e que agora tramita no Congresso Nacional está deixando setores da Igreja Evangélica nacional bastante preocupados.
Os detalhes, que começaram a ser acertados durante a visita do papa Bento XVI ao país, em 2007, estão no documento Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil, firmado no dia 13 de novembro de 2008, durante visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado do Vaticano.
O instrumento leva as assinaturas dos ministros do Exterior da Santa Sé, D.Dominique Mamberto, e do Brasil, o chanceler Celso Amorim.
Negociado sem um debate mais amplo e sem a divulgação adequada – apesar da comitiva de jornalistas que acompanhava o presidente, as notícias veiculadas sobre o assunto não detalharam aspectos do tratado –, o acordo, em tese, apenas regulamenta o funcionamento da Igreja Católica Apostólica Romana em território brasileiro. Mas também pode desencadear interpretações enviesadas e tendenciosas.
Submetido mês passado ao Legislativo na forma da Mensagem 134/2009, o documento deverá ser apreciado pelas Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) e pela de Constituição e Justiça e de Cidadania – CCJC.
No momento, o acordo aguarda a designação dos relatores responsáveis pelos pareceres em cada Comissão. Com 20 artigos, ele trata de diversos assuntos, incluindo amenidades como as relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Estado brasileiro e o reconhecimento mútuo de títulos e graduações acadêmicas.
Mas alguns de seus trechos geram polêmica, como o que trata do ensino religiosos nas escolas e da natureza e conservação do patrimônio da Igreja e instituições católicas.
Representantes de órgãos ligados à Igreja Evangélica já manifestam preocupação. “A proposta de ensino religioso, nos termos do Artigo 11 do acordo, contrapõe o princípio de laicidade do Estado”, aponta o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper).
Em manifesto, a entidade reclama que o conteúdo do acordo não passou por um debate público, aberto e transparente sobre as implicações que poderiam trazer à sociedade brasileira. “O processo democrático exige que as questões de interesse público sejam amplamente debatidas pela sociedade”, lembra o Fonaper.
O fórum expressa maior preocupação em relação à parte que trata do ensino religioso. No entender do organismo, a menção específica ao ensino católico nos currículos escolares contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.475), que estabelece que o ensino religioso deve ter caráter amplo, baseado nos princípios e valores comuns a toda as religiões “como forma de exercitar e promover a liberdade de concepções”.
Para o Fonaper, a proposição poderia expressar uma concepção de ensino religioso a serviço das instituições religiosas – no caso, o catolicismo – e não da educação. “Poderia a Igreja Católica transformar tal espaço em aulas de religião, para catequização e doutrinação religiosa?”, indaga o manifesto. Além disso, o status do tratado confere à Igreja Católica uma representatividade que as demais confissões jamais terão, já que é ligada a um Estado estrangeiro.
O Colégio Episcopal da Igreja Metodista também veio a público manifestar sua contrariedade com a iniciativa, em nota assinada pelo seu presidente, bispo João Carlos Lopes.
Lembrando que o direito à liberdade religiosa é um dos pilares das sociedades democráticas, o órgão denominacional denuncia que ele fere preceitos constitucionais relativos à separação entre a Igreja e o Estado e apela aos legisladores para que não referendem o acordo.
Patamar diferenciado - “Ratificar o acordo significará o Congresso Nacional alçar a Igreja Católica, por meio de um acordo internacional, a um patamar oficialmente diferenciado das demais religiões”, critica a professora Roseli Fischmann, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo ela, uma vez aprovado pelo Legislativo, o texto – que chama de concordata entre um Estado laico, o Brasil, e um teocrático, o Vaticano – passa a integrar o direito brasileiro, “atropelando processos legislativos complexos como os que a ordem constitucional garante, tanto do ponto de vista processual da técnica legislativa, quanto das negociações políticas inerentes à democracia”.
A estudiosa lembra que o texto assinado busca justificação baseando-se, de um lado, nos documentos do Concílio Vaticano II e no Código Canônico, o que, no seu entender, pode representar uma regulamentação da esfera civil baseada em normas religiosas.
“A Igreja Católica, como religião, tem direito de escolher a norma que quiser para regulamentar a vida de seus seguidores, mas estes também precisam ver respeitados seus demais direitos como cidadãos brasileiros, sendo que poderão invocá-los quando quiserem, sem restrições ou privilégios.
” Outro item polêmico do acordo binacional é o que versa sobre isenções fiscais para rendas e patrimônios de pessoas jurídicas eclesiásticas, mencionadas no artigo 15.
É que existe uma grande preocupação sobre o uso da imunidade tributária das receitas das igrejas, e não apenas a Católica. Uma das cláusulas determina que imóveis, documentos e objetos de arte sacra integram o patrimônio cultural brasileiro, e que tanto a Igreja quanto o poder público passam a ser responsáveis pela sua manutenção.
Em tese, o dispositivo abre brecha para que recursos públicos sejam investidos na conservação de bens de natureza privada. “Mais que estabelecer o território dos templos católicos como se tivessem imunidade diplomática, o acordo estende seu braço normativo e restritivo de direitos estabelecidos pela Constituição Federal ao conjunto da cidadania brasileira”, insiste Roseli.
Apontada pelo Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé como instância representativa do catolicismo nacional junto ao governo brasileiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende que seu conteúdo não concede privilégios à Igreja Católica.
Em nota divulgada logo após a assinatura do tratado, a CNBB afirma que ele “não concede privilégios à Igreja Católica nem faz nenhuma discriminação com relação às outras confissões religiosas”.
A senadora Ada Mello (PTB-AL) também defende a constitucionalidade do tratado. Segundo a parlamentar, ele apenas “formaliza aspectos já vigentes no dia-a-dia do país”.
Na verdade, o documento firmado entre o Executivo brasileiro e o Estado do Vaticano não foi uma resolução nova. Há alguns anos, a Santa Sé vem trabalhando para fazer com que o maior país católico do mundo firmasse o compromisso.
O assunto foi discutido muitas vezes nos últimos anos dentro de vários ministérios em Brasília, visando à formulação do texto. O caráter sigiloso da matéria é que chama a atenção.
De forma semelhante, em 2004, um tratado do gênero foi assinado entre o governo de Portugal, outra nação tradicionalmente católica, e o Vaticano.
Desde então, uma comissão paritária , com membros nomeados pelas duas partes, tem poder de decisão sobre assuntos nacionais, como o ensino religioso nas escolas públicas.
“Na medida em que o acordo contenha direitos e prerrogativas para a Igreja Católica, esperamos que o governo brasileiro os estenda, com naturalidade, às demais confissões, pois trata-se de preceito constitucional que não pode ser ferido”, defende o pastor Walter Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Em uma carta pastoral, o dirigente avalia a substância do acordo quanto às suas consequências e repercussões em relação à liberdade de culto, ao ensino religioso nas escolas públicas e ao reconhecimento dos ministros religiosos.
“São assuntos que dizem respeito não apenas à Igreja Católica, mas também às demais igrejas. Nesse sentido, lamentamos que o acordo tenha sido elaborado, negociado e, por fim, assinado sem que tivesse havido uma troca de idéias e um diálogo com outras confissões religiosas, bem como com a sociedade em geral”, enfatiza a carta.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

MG News : Lei do aborto na Espanha opõe igreja ao governo

Reforma sugerida por gabinete socialista reduz exigências para intervenção legal. Proposta prevê que idade mínima para aborto passe de 18 para 16 anos; católicos prometem manifestações para a Semana Santa.
A Espanha tem deixado de lado as discussões sobre como sair da crise econômica para debater um tema que parecia superado há quase três décadas no país: a legalização do aborto.
Desde que o governo divulgou os parâmetros para uma pretendida reforma que flexibiliza a lei atual -uma das mais conservadoras da Europa-, cientistas, oposição e escolas se envolveram em um enfrentamento que reacendeu também a disputa entre a Igreja Católica e os socialistas espanhóis, atualmente no poder.
Na semana passada, milhares de pessoas -500 mil, segundo os organizadores, e cerca de 20 mil nos cálculos do site Manifestómetro, dedicado a contabilizar protestos- foram às ruas de Madri pedindo a proibição total do aborto.
"O governo está dando passos para trás. Em vez de querer seguir os padrões da Europa, a Espanha poderia servir de exemplo para o continente e não permitir o aborto", disse à Folha Sofia Gutiérrez, 34, que levou os quatro filhos ao protesto, todos vestidos de vermelho e com bandeiras nacionais.
O debate explodiu no início de março, quando a ministra da Igualdade, Bibiana Aído, divulgou a conclusão de uma comissão de juristas e cientistas convocados pelo governo para desenhar a reforma.
Recomendações
O grupo faz duas recomendações principais:
1) que o aborto passe a ser livre até as 14 semanas de gestação -atualmente, apenas mulheres que comprovem algum tipo de risco de vida para ela ou para o bebê nesse período estão legalmente autorizadas a abortar;
2) e que se reduza de 18 para 16 anos a idade mínima para um aborto sem o consentimento dos pais.
Apesar de ainda não ter redigido o anteprojeto de lei que será apresentado ao Parlamento, o governo já sinalizou que não fará mudanças nas recomendações. Isso gerou imediata reação de parte da população e principalmente da Conferência Episcopal da Espanha, que, dias depois, anunciou uma campanha contra o aborto.
Embora afirme que faz parte de uma iniciativa anual, o porta-voz da Conferência Episcopal e bispo auxiliar de Madri, d. Juan Antonio Martínez Camino, reconheceu que, neste ano, a Igreja aumentou o orçamento da campanha -cujo valor não foi divulgado.
O símbolo da iniciativa é um cartaz em que um bebê aparece ao lado de um lince protegido por ameaça de extinção, sob a frase "E eu, não? Proteja a minha vida".
Desde o dia 16 de março, 30 mil cópias da foto estão espalhadas em centros católicos, ônibus e outdoors de Madri e outras 36 cidades.
Os governistas têm denunciado a intenção dos bispos de utilizar as procissões religiosas da Semana Santa para fazer campanha.
À Folha a Conferência Episcopal disse que as manifestações seriam em forma de fitas brancas amarradas no corpo e que a iniciativa é de algumas irmandades, sem coordenação central.
Divisão
"Parece que alguns setores só se manifestam contra o aborto quando há um governo socialista no poder", declarou o vice-secretário do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), José Blanco.
Até a própria Igreja Católica está dividida sobre o tema, segundo Rebeca Diago, da Associação de Teólogas da Espanha. "Existe uma diversidade dentro da igreja, temos o grupo Cristãos pelo Direito de Decidir.
Mas o governo tem que respeitar o direito de a igreja se manifestar", disse à Folha.
Os socialistas subiram o tom depois que o jornal "El País", identificado com o partido governista, denunciou que escolas públicas católicas têm feito campanha contra o aborto nas salas de aula, exibindo imagens de fetos.
"É revoltante que os centros educativos sirvam de fórum para a manipulação dos alunos", afirmou em nota a secretária de Educação do PSOE, Cándida Martínez.
O argumento do governo para a reforma é que a lei de 1985 está "caduca", principalmente por não garantir a segurança jurídica para as mulheres que fazem o aborto e os médicos que as operam.
Para os socialistas, os parâmetros legais que permitem a interrupção da gravidez não estão claros."Na prática, não vai mudar nada, porque hoje muitas mulheres saem do país para abortar", disse à Folha o biólogo Vicente Larraga.
Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 10 de março de 2009

Vítimas de pedofilia em Catanduva (SP) recebem acompanhamento psicológico

da Agência Brasil
Depois das denúncias da existência de uma rede de pedofilia na cidade de Catanduva (SP), as crianças que foram vítimas de abuso sexual e seus pais fazem hoje acompanhamento médico e psicológico para tentar superar o trauma e voltar às atividades habituais.
Apesar desse acompanhamento, que é feito uma vez por semana, muitas das crianças ainda não conseguem falar muito sobre o que ocorreu e apresentam um comportamento estranho ao que era comum antes dos abusos. "Eles estão muito revoltados.
A impaciência e a intolerância são ainda muito grandes", disse um jardineiro morador do Jardim Alpino, pai de três crianças uma de 10, outra de 8 e a última de 5 anos de idade todas vítimas de abusos sexuais.
Segundo a esposa dele, que é faxineira, uma das crianças também tem dificuldades para dormir. "Ele chora", diz ela, também chorando.
O pai disse que percebeu que os filhos estavam sendo vítimas de abusos sexuais em outubro do ano passado, quando as crianças apresentaram mudança no comportamento.
"Em outubro, o meu menino começou a ficar nervoso, a demonstrar nervosismo em casa. Não podia encostar [nos meus filhos] que eles já brigavam. E aqui em casa [o clima] sempre foi de harmonia. Começamos a notar que eles pioraram na escola. Minha menina não tinha mais coragem de ir ao banheiro sozinha, acordava à noite em desespero", relatou.
Tudo teria começado em julho, quando o filho mais velho o procurou dizendo que queria aprender a consertar bicicletas e a fazer pipas com um borracheiro da cidade, que foi mais tarde reconhecido pelas crianças como um dos abusadores e que hoje está preso em São José do Rio Preto.
Antes de autorizar o filho de frequentar o local, o jardineiro procurou o borracheiro, não percebendo nada de anormal, conversou com a esposa e ambos permitiram que ele fosse à borracharia, que fica próximo de onde moram.
"Para mim, ele [o filho] aprendendo a arrumar bicicleta e a fazer pipa, ele iria se distrair. Ele ia arrumar um tempo para ele, porque eu sinceramente não tinha esse tempo", contou.
Percebendo o comportamento estranho dos filhos, os pais passaram a perguntar o que estava ocorrendo, mas não obtinham resposta. "A gente perguntava e eles não falavam porque eram fortemente ameaçados."
Quando os sinais de abuso já eram evidentes, os pais decidiram procurar as autoridades locais para fazer a denúncia, mas tiveram dificuldades para registrar o caso na Delegacia da Mulher da cidade. Indignados e contando com a ajuda de uma organização não-governamental, eles optaram em chamar a atenção dos meios de comunicação, o que deu início a duas linhas de investigação policial.
Entre os depoimentos na polícia, o acompanhamento psicológico e as sessões de reconhecimentos dos criminosos e de casas onde teriam ocorrido os abusos, as crianças voltaram a frequentar a escola, mesmo com medo.
Segundo os pais das três crianças, tudo mudou na vida deles após os abusos. "Nossa convivência está bastante afetada", define o pai. "Para reparar tudo isso, vai levar um bom tempo".
Pedofilia
Na última quinta-feira (26),
quatro pessoas foram presas em Catanduva acusadas de envolvimento com a rede de pedofilia. Elas foram reconhecidas por meninos de 5 a 14 anos durante sessão na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). A prisão temporária de cinco dias foi determinada pela juíza da Vara da Infância, Sueli Juarez Alonso.
No total, ao menos 23 crianças teriam sofrido abuso ou tido envolvimento com os acusados, mas só nove foram selecionadas para o reconhecimento. Apenas uma criança de seis anos não reconheceu nenhum acusado. As outras oito apontaram o sobrinho do borracheiro. Seis reconheceram os dois adolescentes.

Com Folha de São Paulo

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Evangelho segundo Barack Obama

Embora vitória de Obama seja vista como o triunfo da irreligião "ao estilo europeu", ela só foi possível por causa do eleitorado evangélico. A observação de que os EUA são o único país rico do mundo em que a religião ainda exerce papel central já virou clichê e, como é o caso de quase todos os clichês, contém muita verdade.
Mas o papel e o impacto da fé no cenário americano são, também, muito mais complexos do que frequentemente aparentam ser à primeira vista especialmente à primeira vista de estrangeiros vindos de sociedades em grande medida pós-cristãs da Europa Ocidental ou das sociedades pós-budistas e pós-confucianas da Ásia oriental, sendo a Coréia do Sul e Mianmar as grandes exceções piedosas.
Comecemos pelo saber convencional: é inquestionável que qualquer pessoa interessada em ocupar cargos políticos de alto nível nos EUA hoje precisa afirmar-se como uma pessoa de fé.
Isso não quer dizer que o candidato precise ir tão longe quanto foi George W. Bush na campanha presidencial de 2000, ao dizer que a maior influência em sua vida foi Jesus Cristo (o 43º presidente insistiria, mais tarde, em que não tinha necessidade de consultar seu pai, o 41º presidente, porque podia consultar o Divino).
Pelo contrário, presidentes americanos tão diferentes quanto Richard Nixon, Ronald Reagan e Bill Clinton não deram grande destaque a sua fé e, embora fizessem todos os gestos corretos para assinalar a obediência à religião, dificilmente se poderia afirmar que a piedade fosse um traço essencial do caráter de qualquer um dos três. Mas nunca houve nenhuma dúvida de que demonstrassem respeito, ao menos da boca para fora, à ideia de devoção religiosa.
Barack Obama enfrenta uma situação mais complexa.Ele assumiu a Presidência depois de oito anos de um governo Bush possibilitado pelos votos de protestantes evangélicos e católicos socialmente conservadores, incluindo, na eleição de 2000, um número considerável de eleitores de origem latina nascidos nos Estados Unidos.
Durante algum tempo, até as obsessões xenófobas da linha dura do Partido Republicano terem desagradado tanto aos eleitores imigrantes que acabaram prejudicando até mesmo Bush, cujas posições sobre a imigração na realidade são surpreendentemente esclarecidas, comentava-se entre os altos assessores de Bush que o partido poderia garantir seu futuro ao assegurar a fidelidade dos imigrantes latinos.
Isso seria conseguido enfatizando os pontos em comum identificados em eleições ,sobretudo a oposição ao casamento gay, o respaldo ao apoio dado pelo governo às fundações religiosas, apesar dos impedimentos constitucionais, e, enfim, a ênfase nos valores familiares tradicionais.Recriação.
Entretanto a adesão suicida do Partido Republicano a uma plataforma anti-imigração extrema não levou os democratas a perder de vista a necessidade de tentar atrair os eleitores religiosos.De fato, nos últimos anos da administração Bush, vários nomes de destaque do Partido Democrata, entre eles, sobretudo, a muito influente ex-secretária de Estado do governo Clinton, Madeleine Albright- escreveram livros exortando o partido a reconhecer o papel fundamental exercido pela religião na vida americana e acabar com a reputação do partido de indiferença às preocupações dos eleitores religiosos.
De fato, esse apelo por um "compromisso histórico" com os crentes fez parte do projeto do Partido Democrata de se recriar -um acréscimo à compreensão pelos democratas de que, enquanto não conseguissem enfraquecer a acusação republicana de que eram fracos em questões de segurança nacional, jamais retornariam ao poder em Washington.É claro que havia questões importantes para os eleitores religiosos com as quais os democratas se negavam totalmente a conciliar -sobretudo o direito legal das mulheres ao aborto e os direitos dos gays (embora não necessariamente o casamento gay, algo ao qual o candidato Barack Obama fez questão de se opor).
Mas, excetuando algumas figuras periféricas da extrema esquerda do partido, houve pouca ou nenhuma divergência de opinião quanto à necessidade de trazer os eleitores religiosos de volta ao rebanho democrata, pois os estrategistas do partido compreendiam que, sem fazer pelo menos alguns dos eleitores se afastarem do Partido Republicano -assim como estrategistas republicanos, como o assessor de Bush Karl Rove, pretendiam atrair os eleitores imigrantes, os democratas jamais conseguiriam reconstruir uma coalizão governante.
É importante lembrar que as eleições nos EUA costumam ser decididas por margens relativamente estreitas.Num país tão igualmente dividido politicamente, a vitória por cinco pontos percentuais numa eleição presidencial é considerada decisiva, e uma vitória por dez pontos é vista como avassaladora.
É por isso que eleitorados que, demograficamente falando, são relativamente pequenos exercem influência tão desproporcional, quer se trate de um grupo étnico, como os judeus americanos, ou dos eleitores obcecados por uma questão única, como os defensores dos "direitos às armas".Não se trata de modo nenhum de conspiração, não importa o que possam imaginar alguns paranóicos em lugar disso, essa situação reflete a realidade política americana, na qual mudanças relativamente pequenas nos padrões de voto em um dado Estado podem alterar todo o rumo de uma eleição.E os eleitores evangélicos não são um contingente pequeno: são contabilizados em dezenas de milhões.
Eleitores distantes. O que os democratas acabaram por entender durante os longos anos dos dois mandatos de Bush foi que, sem esses eleitores comparecendo em números avassaladores para votar nos republicanos, os democratas provavelmente venceriam.
O corolário, é claro, era que o distanciamento desses eleitores em relação ao Partido Democrata foi o que abriu a porta a Bush em primeiro lugar.
O que surpreende é quanto tempo foi preciso para os democratas se darem conta dessa verdade. Afinal, se, nos países da Europa ocidental, a exclusão da fé das campanhas eleitorais se tornou praticamente uma lei inabalável da política, nos EUA há no mínimo um imperativo igualmente forte para fazer o contrário.
Como candidato, Obama estava bem posicionado para capitalizar sobre essa nova ortodoxia democrata (nos dois sentidos do termo). Igrejas e políticaAs igrejas sempre estiveram no centro da política afro-americana.
De fato, existem poucos políticos afro-americanos importantes nos EUA, hoje, que não saíram eles próprios das igrejas (como pastores ou diáconos) ou ascenderam graças ao apoio dedicado de líderes religiosos em suas comunidades.
Como sempre se queixam os americanos de direita -e com razão-, apesar de ser ilegal líderes religiosos endossarem políticos no púlpito e ainda conservarem o status de isenção de impostos de suas igrejas, essas leis nunca foram aplicadas às igrejas afro-americanas.
Qual é a natureza da fé pessoal de Obama, sua profundidade e até que ponto é central para ele são questões que permanecem um enigma para quem não o conhece pessoalmente.Mas não há dúvida sobre os vínculos profundos que ele tem com sua igreja.
Embora a lealdade pessoal tenha inegavelmente exercido um papel, foram esses vínculos uma razão importante pela qual Obama, o candidato, relutou tanto em cortar seus laços com seu pastor radical, o reverendo Jeremiah Wright.
É também isso o que ajuda a explicar por que, desagradando os elementos mais de esquerda de sua base política, o presidente eleito Obama achou tão fácil convidar um evangélico (branco) popular, o reverendo Rick Warren, homem que já afirmou que acredita no criacionismo e que vem se opondo inflexivelmente ao casamento gay e, na visão de muitos, aos direitos dos gays de modo mais geral- para fazer a evocação (religiosa) em sua posse, em 20/1.
A decisão levou muitos a acreditarem que o papel da religião na política americana poderá ser tão forte sob o governo de Obama quanto foi no de Bush. Mas não é assim que os evangélicos de direita enxergam a situação.
Pelo contrário, nesses círculos a vitória de Obama está sendo vista como vitória da irreligião "ao estilo europeu".Como disse o teólogo evangélico de linha dura J.D. Moreland no programa de rádio de Hugh Hewitt (após o programa de Rush Limbaugh, um dos programas de entrevistas de direita na rádio mais ouvidos no país), após a vitória de Obama, "os evangélicos recuaram, foram expulsos, e a cultura está se deslocando rapidamente em direção à Europa.
Está cada vez mais secularizada".Em um dado momento, Hewitt adota tom ainda mais apocalíptico. Os evangélicos, diz, "foram absolutamente destruídos nas urnas e estão sentados ali, se perguntando o que aconteceu, "onde foi que erramos, por que este governo é tão de extrema esquerda?'".
Assim, ao mesmo tempo em que o papel da fé no início da administração Obama pode parecer, visto de fora, uma continuação do monopólio que a religião vem desfrutando na vida política americana, os conservadores religiosos militantes temem o exato oposto -que estejam perdendo o controle.
E a cooptação por Obama de figuras como Warren apenas intensifica sua perplexidade e exacerba sua desorganização política.
Assim, não surpreende que os vários elementos constituintes da coalizão que elegeu Bush duas vezes -conservadores religiosos, neoconservadores e conservadores empresariais- estejam culpando uns aos outros pela derrota.
Isso não significa que a religiosidade americana esteja se desfazendo da maneira como imaginam os católicos de direita e a liderança evangélica.Mudança para o centroUma explicação mais provável é que o centro de gravidade política entre os eleitores religiosos esteja se deslocando para o centro.
Afinal, mesmo a hierarquia atual da Igreja Católica americana, socialmente bastante conservadora, enfatiza a justiça social pelo menos tanto quanto enfatiza a oposição ao aborto e aposta em seu futuro demográfico. Imigrantes do México e da América Central, que são o futuro demográfico do mundo católico praticante nos EUA.
E, mesmo entre os evangélicos, há uma divisão de gerações: os evangélicos mais jovens são quase tão atraídos pela candidatura Obama quanto os jovens seculares.
Em outras palavras, não há razões para supor que as duas perguntas que visitantes europeus vêm fazendo desde o século 19 "por que os americanos são tão religiosos e por que o socialismo nunca deitou raízes entre eles?" vão se tornar ultrapassadas no futuro próximo.
Ou, para dizer a mesma coisa com mais cautela, a questão da religião dificilmente irá se tornar irrelevante.Em vista da implosão do capitalismo caubói dos últimos 25 anos e do opróbrio universal hoje dedicado a Wall Street, o socialismo americano hoje tem uma chance muito melhor de finalmente emergir do que tem a religião americana de ser relegada às margens culturais e políticas ,não importa o que a direita possa temer ou o que os frustrados cosmopolitas americanos possam esperar.


Fonte: Folha de São Paulo

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