Líderes evangélicos atacam reconhecimento de uniões homossexuais e liberação de manifestações pró-maconha. Número de fiéis foi de cerca de 5 milhões, de acordo com estimativas.
Líderes evangélicos transformaram ontem a Marcha para Jesus, em São Paulo, em palco para críticas ao Supremo Tribunal Federal e uma exibição de força política.
Os alvos principais foram as recentes decisões em que o STF reconheceu a união estável de casais homossexuais e liberou manifestações pela liberação da maconha.
O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a recomendar aos fiéis que não votem em políticos que sejam favoráveis à união gay.
"O povo evangélico não vai ser curral eleitoral", disse. "Se governador, prefeito ou presidente for contra a família, não terá nosso voto."
Para Malafaia, o Supremo "rasgou a Constituição" ao permitir a união civil entre homossexuais. O pastor negou que seja homofóbico.
No Congresso, 71 deputados e três senadores são ligados a igrejas evangélicas.
O apóstolo Estevam Hernandes, líder da Renascer em Cristo e principal organizador da Marcha, disse que a manifestação não tem caráter político, mas reconheceu a influência dos líderes.
Ele também se pronunciou contra as decisões do STF. "Enquanto a maconha não é liberada, é incoerente marchar por aquilo que não é legal", disse Hernandes.
Pastor da Igreja Universal, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) criticou o "ativismo judicial" e disse que "não é possível que seis iluminados se julguem capazes de decidir por 200 milhões". O STF é composto por 11 ministros.
O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que os evangélicos esperam respeito dos homossexuais. "O verdadeiro Supremo é Deus", disse.
A marcha atraiu uma multidão de fiéis que seguiu sete trios elétricos e percorreu 4 quilômetros do centro de São Paulo até a zona norte. A manifestação é realizada todo ano na cidade desde 1993.
"Meu Deus é dono do ouro e da prata. Enquanto meu Deus age, ninguém pode impedir", disse a bispa da Renascer Sônia Hernandes, no alto de um trio elétrico. Ela afirmou que continua amiga do jogador de futebol Kaká, que era o principal garoto-propaganda da igreja até romper com ela em 2010.
Fonte: Folha de São Paulo
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